Hoje calhou esse mês e naturalmente fui ao barbeiro. Há 20 anos que vou aquele barbeiro, altura em que me emancipei dos penteados de autor da minha mãe, e ainda hoje os dois barbeiros que lá trabalham pensam que me chamo João. Nunca os corrigi e confesso que até me diverte o assumir uma segunda identidade.
Entrei e de imediato pensei em como ir ao barbeiro é quase como ir à tasca mas sem o cheiro a fritos. 99% das vezes sou o elemento mais novo daquela tertúlia por uma margem de 40 anos, o rádio só sintoniza a TSF ou a Rádio Renascença, discute-se bola, política, bola, como os políticos nos roubam, como os jogadores da bola ganham balúrdios e não jogam nada, mulheres, a crise, mulheres dos jogadores da bola e por fim bola.
Hoje a conversa começou pelos jogos da taça, em como o Porto foi (com bastante surpresa) beneficiado pela arbitragem, passou pelo Sócrates, que ao que parece ganha 30 reformas, continuou pela princesa Letizia que segundo consta anda deprimida, ao que o barbeiro (de 70 anos) que me cortava o cabelo prontamente disse que lhe tratava a depressão e que o que faltava à senhora era o microfone na boca, e terminou com o Benfica, que vai dar 15 a 0 ao Hapoel da Televive para a liga dos campeões.
No fim, praguejei a mim mesmo porque o velho me corta sempre mal o cabelo, algo que lhe hei de dizer da próxima vez que lá for.