todo o amor, seja ele literário ou não, devia ser consumado entre pessoas de nome joel barish ou clementine kruczynski.
(mas antes de mais, tem graça escrever "amor" e falar de... amor. reparem que na frase supra-situada, onde se lê "todo o amor", esteve antes escrito "todo o amor perfeito" e ainda "todo o amor bom". como não sei o que é isto de amor, não quero também empurrar ninguém para nenhum lado - isto não é um cartão do dia dos namorados: "today is a holiday invented by greeting card companies to make people feel like crap")
(depois, de todas as coisas que vivo e registo, nenhuma delas tem a ver com o amor, definição larousse, IX edição traduzida. há merdas muito mais interessantes e palpáveis e reais, escritas em cadernos)
se pararem este vídeo no primeiro segundo, no absoluto primeiro segundo, reparem nas palavras "eternal sunshine of the spotless mind" no canto inferior esquerdo, e no joel barish a todo o comprimento. mas abstraiam-se disso, porque do que vos quero falar é das gotas de chuva nos vidros do carro, e dos primeiros acordes que os acompanham. podem também reparar nas luzes da cidade. quando era pequeno, aquilo é o que significava o amor, para mim. o frio e os tons de cinza, e estar todo agasalhado e reparar nos padrões que as gotas formavam, e de como as luzes passavam por mim (ainda que ténues) e eu sofria, sofria por amor. sofria, e hoje não sofro assim. hoje sei que não há amor, mas naquele tempo eu andava agasalhado, protegido pela barba a todo o redor dos contornos da minha face, e sofria, sofria uma agonia tão boa como quatro acordes desgovernados e fora de tom que produzem a melodia mais viciante e esgotante do mundo.
talvez naquele tempo sofresse por sentir que algures havia um "amor", tão trágico quanto suculento, e que eu não o tinha ali, naquele momento. penso que fosse isso, mas talvez fosse outra coisa qualquer - é uma das vantagens do materialismo dialético, não entender o presságio e hoje poder excluir esse termo do extenso rol de possibilidades. isto não interessa nada. mas da mesma forma que joel barish corre desenfreadamente e, a dada altura, em pânico, contra o desaparecimento de todas as memórias de uma bela mulher, da mulher summer, da mulher amor, as minhas memórias foram morrendo mas eu não corri e nem sequer me apercebi. (talvez memórias, mas definitivamente todo o amor). no fim do filme, todas as memórias de joel desaparecem, o que efectivamente acontece quase sempre por causa de uma bela mulher. em mim desapareceu todo o amor, a expectativa de carinho onírico, a recompensa do afecto e da ternura como tecidos generosos de calor numa noite gelada. penso que aconteceu porque cresci. mas o mais certo é por ter esquecido uma boa mulher.
(mas antes de mais, tem graça escrever "amor" e falar de... amor. reparem que na frase supra-situada, onde se lê "todo o amor", esteve antes escrito "todo o amor perfeito" e ainda "todo o amor bom". como não sei o que é isto de amor, não quero também empurrar ninguém para nenhum lado - isto não é um cartão do dia dos namorados: "today is a holiday invented by greeting card companies to make people feel like crap")
(depois, de todas as coisas que vivo e registo, nenhuma delas tem a ver com o amor, definição larousse, IX edição traduzida. há merdas muito mais interessantes e palpáveis e reais, escritas em cadernos)
se pararem este vídeo no primeiro segundo, no absoluto primeiro segundo, reparem nas palavras "eternal sunshine of the spotless mind" no canto inferior esquerdo, e no joel barish a todo o comprimento. mas abstraiam-se disso, porque do que vos quero falar é das gotas de chuva nos vidros do carro, e dos primeiros acordes que os acompanham. podem também reparar nas luzes da cidade. quando era pequeno, aquilo é o que significava o amor, para mim. o frio e os tons de cinza, e estar todo agasalhado e reparar nos padrões que as gotas formavam, e de como as luzes passavam por mim (ainda que ténues) e eu sofria, sofria por amor. sofria, e hoje não sofro assim. hoje sei que não há amor, mas naquele tempo eu andava agasalhado, protegido pela barba a todo o redor dos contornos da minha face, e sofria, sofria uma agonia tão boa como quatro acordes desgovernados e fora de tom que produzem a melodia mais viciante e esgotante do mundo.
talvez naquele tempo sofresse por sentir que algures havia um "amor", tão trágico quanto suculento, e que eu não o tinha ali, naquele momento. penso que fosse isso, mas talvez fosse outra coisa qualquer - é uma das vantagens do materialismo dialético, não entender o presságio e hoje poder excluir esse termo do extenso rol de possibilidades. isto não interessa nada. mas da mesma forma que joel barish corre desenfreadamente e, a dada altura, em pânico, contra o desaparecimento de todas as memórias de uma bela mulher, da mulher summer, da mulher amor, as minhas memórias foram morrendo mas eu não corri e nem sequer me apercebi. (talvez memórias, mas definitivamente todo o amor). no fim do filme, todas as memórias de joel desaparecem, o que efectivamente acontece quase sempre por causa de uma bela mulher. em mim desapareceu todo o amor, a expectativa de carinho onírico, a recompensa do afecto e da ternura como tecidos generosos de calor numa noite gelada. penso que aconteceu porque cresci. mas o mais certo é por ter esquecido uma boa mulher.
6 comentários:
clementine: this is it, joel. it's going to be gone soon.
joel: i know.
clementine: what do we do?
joel: enjoy it.
joel: i can't see anything that i don't like about you.
clementine: but you will! but you will. you know, you will think of things. and i'll get bored with you and feel trapped because that's what happens with me.
joel: okay.
clementine: [pauses] okay.
clementine: too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive. But I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind; don't assign me yours.
harness: hahahahaHAHAHAHA
I could die right now, Clem. I'm just... happy. I've never felt that before. I'm just exactly where I want to be.
malas prontas ou já se não as tem
só para te dizer, post, que gosto bem de ti
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