(escrito originalmente às quatro e quarenta e cinco da manhã, de uma sexta feira dia vinte e três de dezembro do ano de dois mil e três)
As reticências serão, porventura, o "artifício" literário que mais me fascina e perturba. Não há nada (ou quase nada) que me faça vacilar ou ponderar tudo e questionar tudo, como umas reticências que se põem assim, como quem não quer a coisa, com a aparente apraxia do que significam ou podem significar ou do que transmitem...
Há situações em que as reticências se justificam e impõem, por motivos meramente literários; outras há, em que o sentido das reticências é óbvio e simples e claro e mais nada. E depois há as outras situações. Em que um ponto final chegava perfeitamente, em que até a falta de qualquer pontuação não seria de criticar, uma vírgula vá lá... agora umas reticências? Para quê? E porquê? Há alguma razão especial? Ou simplesmente, porque sim?
Uma vez, conversava eu com ela, clarifiquei todo o porquê desta minha inquietação em relação às reticências; ela escrevia insistentemente com reticências, frases curtas e sucintas, que não clamavam por reticências nem tão pouco as mendigavam baixinho... e isso perturbava-me... estariam lá as reticências por alguma razão? Estaria ela consciente do poder embutido de umas reticências? E perguntei-lhe... "porquê essas reticências?"
A resposta, de tão paupérrima que foi, só demonstrava o parco conhecimento que ela tinha das reticências, companheiras de mil noites agarrado à pena com uma mão, e agarrado ao coração com a outra. Tudo aquilo insultuoso... não? Mas deixando a personagem de lado, que mais respeito não merecia senão esse, o do confinante desprezo a que a remeti, aproveitei uma frase solta, a saber: as reticências não são nada.
É isso mesmo.
As reticências fascinam-me e perturbam-me, porque não são nada. São tudo!! Quando escrevemos umas reticências, não escrevemos palavra nenhuma... ali, naquele espacinho diminuto, de três pontinhos apenas, estão todas as possibilidades do mundo. Quando se lêem umas reticências, que parecem desajustadas de todo o discurso, ali, naquele sítio, podemos ler tudo... tudo mesmo... todas as palavras que queremos e gostaríamos efectivamente de ler, escritas por quem gostaríamos que fossem escritas, mas também todas as palavras que temos medo e receio que fossem escritas, por quem uma vez se lembrou de lá escrever um dia ". . ."...
Há situações em que as reticências se justificam e impõem, por motivos meramente literários; outras há, em que o sentido das reticências é óbvio e simples e claro e mais nada. E depois há as outras situações. Em que um ponto final chegava perfeitamente, em que até a falta de qualquer pontuação não seria de criticar, uma vírgula vá lá... agora umas reticências? Para quê? E porquê? Há alguma razão especial? Ou simplesmente, porque sim?
Uma vez, conversava eu com ela, clarifiquei todo o porquê desta minha inquietação em relação às reticências; ela escrevia insistentemente com reticências, frases curtas e sucintas, que não clamavam por reticências nem tão pouco as mendigavam baixinho... e isso perturbava-me... estariam lá as reticências por alguma razão? Estaria ela consciente do poder embutido de umas reticências? E perguntei-lhe... "porquê essas reticências?"
A resposta, de tão paupérrima que foi, só demonstrava o parco conhecimento que ela tinha das reticências, companheiras de mil noites agarrado à pena com uma mão, e agarrado ao coração com a outra. Tudo aquilo insultuoso... não? Mas deixando a personagem de lado, que mais respeito não merecia senão esse, o do confinante desprezo a que a remeti, aproveitei uma frase solta, a saber: as reticências não são nada.
É isso mesmo.
As reticências fascinam-me e perturbam-me, porque não são nada. São tudo!! Quando escrevemos umas reticências, não escrevemos palavra nenhuma... ali, naquele espacinho diminuto, de três pontinhos apenas, estão todas as possibilidades do mundo. Quando se lêem umas reticências, que parecem desajustadas de todo o discurso, ali, naquele sítio, podemos ler tudo... tudo mesmo... todas as palavras que queremos e gostaríamos efectivamente de ler, escritas por quem gostaríamos que fossem escritas, mas também todas as palavras que temos medo e receio que fossem escritas, por quem uma vez se lembrou de lá escrever um dia ". . ."...
3 comentários:
perderam-se todos os comentários. que vergonha!
"A empresa Haloscan, que fornecia o sistema utilizado para os comentários e os Trackbacks deste blog anunciou que irá encerrar suas operações em Fevereiro de 2010."
odeio-te vida
...
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