ontem fui cultivar-me.
não obstante ter ido ao centro cultural de belém no sábado, achei por bem ir de esguelha contra uma overdose de coisas do intelecto. fui ver então o pontapé de saída das sessões da terça-feira do cineclube, corporizado no filme "as ervas daninhas" (ou "les herbes folles", como dizem os franceses e os maricas), do alain resnais, um francês que está velho e que filma como se cada plano tivesse que ser uma punheta com orgasmo, visto estar a aproximar-se do fim da linha e, claramente, ainda ter muitos orgasmos na quota da vida por preencher. isto reflecte-se ao longo de todo o filme pois cada cena tem um enquadramento do caraças e um novo truque visual arrebatador, mas em termos de conteúdo aproxima-se do nada, e assim vai de cena em cena, recomeçando sempre onde tinha ficado... do zero.
a estória até tinha uma premissa interessante, qualquer coisa como "mulher perde carteira, homem encontra carteira, homem fica obcecado com mulher da carteira e nasce um amor improvável e absurdo" mas o filme é tão lento, tão cheio de forma e tão vazio de substância, que um gajo fica até ao fim do filme a pensar porque é que se sentou ao lado do presidente do cineclube, em vez de estar agora a jogar snake no telemóvel, a dormir uma soneca ou a fugir pela porta dos fundos em direcção à bica de cerveja mais próxima.
outra coisa que me fez confusão foi a escolha dos actores; pelo menos os dois actores principais têm mais vinte ou trinta anos de idade do que as personagens que interpretam, o que, entre outras coisas, fez com que eu estivesse metade do filme a pensar que a relação entre pai e filha era muito suspeita, quando afinal de contas aquilo era um casal de marido e mulher. mas ou o marido era muito velho (que era) ou a mulher muito nova, não consegui deixar de pensar que, quando o marido diz que está casado há trinta anos, a pedofilia na frança deve estar em altas pois o gajo quase de certezinha que se casou quando a mulher tinha dez anos de idade. mama carlos cruz.
para terminar, um parágrafo que não é meu mas diz tudo: «a gota que faz transbordar o copo é a última cena - saída do nada, uma criança pergunta à mãe: "quando for gato posso comer croquetes?". felizmente o filme termina logo de seguida, porque não é fácil continuar na sala após uma coisa destas. se fosse mais jovem, diria que resnais andava metido nos ácidos.»
2 comentários:
Quero ser de um céu que tem gaivotas
ehpah também vi esse filme a semana passada e não podia estar mais de acordo contigo. para mim, o filme literalmente "não tem ponta por onde se lhe pegue".
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