os fusos horários não explicam muita coisa
escrito por harness segunda-feira, 5 de julho de 2010 às 21:36é assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
chegaste à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
pablo neruda
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9 comentários:
jeanne moreau
há coisas que não se podem dizer a ninguém, até porque não se sentem
é...
Há coisas que nunca se chegam a ouvir, acabamos por imaginar que por vergonha... talvez um medo de cair em lugares comuns ou lamechices. Quando nos apercebemos de que não se ouviram porque não foram ditas, não estavam lá, nunca estiveram e nunca estariam, é um choque. Um choque brutal e violento, corrói por dentro, a quem não ouviu e a quem não disse. E tudo não passa de um acordar para uma realidade que sempre esteve ali. A dor vem de dentro, porque esse mundo só existia cá dentro e desaba só cá dentro. Pois onde mais havia de doer? Mas dói-nos não doer aos outros - FODA-SE, QUE VOS DOA, MERDA! MAS SÓ A MIM É QUE ME DÓI?
Porque é que não estão todos a morrer como nós? Porque é que tu me matas bocados que me criaste e não morres nada?
Porque são bocados meus, pecados meus, pedaços meus, coisas idiotas que eu inventei para mim.
Tu nunca o disseste.
E então gera-se uma ânsia de vingar, de provocar no outro todas as dores que se sentem, uma vingança desleal, porque o outro nunca o disse. Aquilo nunca o foi.
E sofrem os dois, um por uma desilusão, a queda de de uma cabeça obscena, solitária e miserável, que sonha de mais, e o outro... porque apanha por tabela. fim
o teu blog é bonito e eu gosto. Eu tenho uma escrita agressiva mas a dos meus posts não é provocar ou magoar quem lê. É uma forma de expressão de sentimentos... uh... caóticos. Por incrível que pareça, apesar desta agressidade, ao vivo - dizem - falo como uma menina, mas uso o mesmo vocabulário. Imagina uma voz menina quando leres as minhas coisas e não uma voz cavernosa e talvez não soe tão ruim. fim 2
ou talvez soe um bocado maquiavélico, agora que penso nisso... ui. fim3
olá tabaleão
antes de mais que saibas que és muito bem vinda nesta casa. fico contente que aches o blog bonito e que gostes, pois ele também é para ti.
gosto dos teus desenhos e do que imagino que sejas, embora não saiba se isso corresponde à realidade. mas da forma que sempre me falaram de ti e do que ouvi dizer, não devo estar longe da verdade.
o caos e a agressividade fazem parte do mundo e das pessoas. são como outras coisas quaisquer, cuja valência é relativa conforme o ponto de vista. não te sintas mal no teu desabafo, aqui não há lugar a juízos de valor.
..até porque as problemáticas aqui envolvidas são só literárias, fora de prazo e para serem lidas depois da meia noite. j não mora aqui, e a natureza do mal é noutro lado.
beijinhos
boa boa. a natureza do mal é um nome tão bom e eu tenho inveja desse nome. tinha de confessar.
olha e eu durmo ao relento. mas sempre com wifi! pelo menos por mais hora e meia de bateria
Néeeeepias.
Enquanto eu existir isso não há-de acontecer! Ninguém dorme ao relento.
Olha, aquele grande texto meu fala para alguém na segunda pessoa do singular, mas não, não és tu! Só para que se saiba.
sliiiide!
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