Há uns anos, uma plebeia foi fazer a reportagem de um desastre ecológico nas costas da Galiza e saiu de lá princesa. Depois disso perdeu o nariz e algum do encanto que todo o ser humano sempre conserva. Mas o sinal estava dado. Os jornalistas quebraram definitivamente os códigos de neutralidade. Ao mesmo tempo mudava a relação do leitor/espectador com a realidade. No Parque temático do Mundo contemporâneo o hipertexto conduz sempre à identificação com um herói / heroína. Não se vai à Africa do Sul mas à terra de Mandela, não se ouve Bach mas o seu melhor intérprete, não se é do Benfica mas da equipa de Jorge Jesus e voltaremos ao governo com Pedro Passos Coelho, como atesta eufórico o grupo do Facebook para o qual um amigo próximo e desconhecido me convoca.
O beijo de Casillas, o portero madrileno da equipa campeã do Mundo, sela esta mudança. O campeonato do mundo de futebol é uma coisa longínqua? As regras do futebol não são simples? O sistema de apuramento complexo? Não importa. Basta reter um facto: atrás do guarda-redes está uma jornalista. Atrás da jornalista está uma mulher. E no final, para todos nós, felizes visitantes do Parque temático Mundo, a jornalista entrevista o herói e é levada pelos seus braços fortes, como a mocinha de Superhomem pelos ares da metrópole capitalista. O beijo de Casillas é a senha para a nossa entrada, damnés de la Terre, no Parque temático Mundo.
por Luís, um blogger preferido.
2 comentários:
o meu post futil acabou de se tornar ainda mais futil
de futil os teus posts não têm nada. não lês a educação sentimental?
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