quando é que voltamos a barcelona?


extrapolação


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óbito/débito


hoje comprei a última edição do "24 horas". durante muitos anos foi o meu jornal de eleição: não porque apreciasse especialmente a qualidade da escrita ou o teor das notícias, mas essencialmente porque era o jornal que havia no café rubyana.

(café onde passei provavelmente metade da minha vida adulta e à qual se devem, à vontadinha, três quartos do tempo total de felicidade que usufruí até hoje)

como não teriam sido as nossas tardes e noites tão mais diferentes se não tivéssemos uma crónica do paneleiro castro (desculpem-me o esquecimento do nome mas o calor dá-me preguiça de ir ao google e assim sei que percebem logo de quem se trata); quão mais insossas não seriam as nossas vivências sem o conhecimento exacto e factual das peripécias da vida do josé castelo branco; e certamente hoje não seríamos os mesmos, sem a noção de que todos os dias alguém mata alguém em portugal através de machadada no peito.

foi durante uma merecida e restabelecedora urinadela (isto não é um tasco) que me passaram estas ideias pela cabeça. e antes que ela terminasse, resolvi prestar ao jornal a minha mais sincera homenagem: deixando-o cair na sentina, urinei-lhe até (voltar a) ser uma massa una e indivisível. cara literatura de merda: da merda vieste e à merda retornaste.


o calor une o carlos queiroz e este seu congénere...


...através de um dildo de mediocridade. com que nos enrabaram a todos!

coisas que me ajudam neste tempo do calor...


...como o fenistil gel, que me deixa o corpo dormente.

"E o que estás tu a fazer neste preciso momento, oh Bruno?"
Estou todo nú no sofá, porque o quentinho do portátil no colo dá-me muita alegria.
Gosto especialmente quando o processador começa a fazer barulho e a tremer um bocadinho.
Dou muito valor às coisas simples da vida.

está um calor impossível, e com isso...


...chegam as mulheres.



katy perry (parecídissima com uma mulher que conheço)




luiza freyesleben (brasileira que ficou esquecida na ilha do lost - sozinha)




cheryl cole (ou a prova viva que por mais boa que sejas há sempre um burro que te troca pela cabeleireira vesga e badalhoca do barraco da esquina)



(fotos "gentilmente cedidas" pelo único deus em que acreditamos)

quem ata por gosto não cansa, matança matança *redux


(escrito originalmente às vinte e duas horas e vinte e um minutos, de uma terça-feira dia seis de setembro do ano de dois mil e cinco)

às vezes sinto-me um nó deste mundo. que não ata nem desata, sem ponta por onde se lhe pegue. um nó que se senta a pensar, e descobre que é tudo tão fácil, é tudo tão mais fácil, mas que se perde em incertezas transfiguráveis (são sempre as mesmas, só muda a máscara). no fundo é o medo, no fundo é o amor, no fundo é o receio, no fundo é um desconhecimento total de si próprio que se acentua quando não sabem quem sou. e como um nó, dependo muito de vocês, que me puxem e desatem. mas, enfim, também não quero saber muito de vocês. e porquê? PORQUE VOCÊS NÃO EXISTEM.

quando fôr *redux


(escrito originalmente à uma da manhã - e treze minutos, naturalmente - de uma terça-feira dia seis de setembro do ano de dois mil e cinco)

eu não era para escrever aqui hoje. parece-me difícil a junção de palavras nos últimos tempos, e não gosto de não me conseguir expressar como quero, e tão pouco encher chouriços. mas uma coisa quero deixar explícita: quando dos resquícios de amizade nasce a ligação profunda de outrora, quando os acordes da guitarra ressoam e chamam o vento, quando as palavras saem e não pedem licença, quando o escuro da noite esconde a inexistência de árvores lá fora... quando esse tempo fôr, é nesse tempo que quero estar. agora, é nesse tempo que estou.

carta aberta


odeio sobejamente as pessoas que batem à porta ao invés de tocar à campainha.

por amor da santa: para aquela campainha ali estar foi necessário um empreiteiro planeá-la, um electricista montá-la, um moço de recados comprá-la, um empregado para a vender, um pequeno comerciante para a ter em loja para que ela pudesse ser vendida, e um porradão de engenheiros e operários que desenharam e produziram aquele modelo em específico. haja respeito.

não me lixem: uma pessoa que podendo usufruir da campainha escolhe bater à porta, vem de má fé. das duas uma: ou vem vender pacotes da tvcabo (o substituto moderno das enciclopédias) ou vem fazer queixa de qualquer coisa, sobranceiramente e seguindo a seguinte lógica "se vou queixar-me do barulho, deixa-me apetrechar maquiavelicamente até à ponta dos cabelos para não ter nem um telhadito de vidro e para poder invadir aquele espaço normandia style", o que naturalmente implica não fazer um barulho irritante com a campainha do vizinho.

à beata da minha vizinha aplica-se este último caso; para ela tenho esta mensagem: fode-te puta.

fode-te puta porque não sou eu que estou a fazer barulho, são os vizinhos do andar de baixo; mas mesmo que estivesse são quatro da tarde, e nem que fosse por lei ou por tu deveres estar a fazer qualquer coisa de produtivo fora de casa, estimo bem que tu te fodas; fode-te puta ainda, porque aos fins-de-semana me acordas com a puta da missa pela televisão aos altos berros criando em mim três ordens de sentimentos:

1)nojo

2)raiva

3)expectativa que te estejas a inspirar para te atirares da janela em direcção ao asfalto.

fode-te puta porque tens a mania de deixar a porta de casa aberta, juntamente com a tua amiguinha vizinha beata e companheira lesbiana (velha, mariachi e natura, velha! não se excitem), e como a minha casa tem o azar de ficar entre as vossas duas portas apanha com a puta do cheiro a gato, chichi de gato e caldo verde podre e ressequido (provavelmente com chichi de gato lá dentro).

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhh, tenho dito.

assinado: o vizinho que a partir de hoje te vai mijar na caixa do correio e ouvir rob zombie a altos berros até mandares vir a polícia cá a casa.

morreu* *redux


(escrito originalmente às vinte e uma horas e vinte minutos, de uma segunda-feira dia cinco de setembro do ano de dois mil e cinco, por ccity)

palavras que encontrei perdidas num dos meus cadernos, e que provavelmente seriam motivo de um post na altura

"morreu

um homem de apelido Torres. nome próprio não sei.
homem que durante muitos anos limpou a estação de combóios aqui da zona.
era alto e magro, a sua coluna curvava-se para a frente, como se estivesse sempre a tentar descobrir algo no chão.
depois de o reformarem continuou a limpar a estação, que mais tarde até acabou por fechar.
nunca o vi zangado, a única coisa que ouvia dele eram as suas piadas secas e o tempo de amanhã.
o homem morreu e deixou três filhos e uma mulher bêbada.
...morreu..."

work in progress *quasi-redux


se não estivesse este calor eu escrevia bem melhor.

quem és tu zé gata?



diz-me o teu nome já

kubrick vs scorcese


carago fui apanhado pelo meme


vuvuzela não é tradição e muito menos cultura: é traição




posso dizer, sem sombra de dúvida, que sou um verdadeiro visionário de extremo bom senso: ainda não tinha ouvido as vuvuzelas já as odiava de morte.

não tem título, mas tem texto *redux


(escrito originalmente às dez horas e cinquenta e quatro minutos, de uma quinta-feira dia quinze de agosto do ano de dois mil e cinco)



esta é uma imagem verdadeiramente poderosa. mistura, ao mesmo tempo e de maneira única, uma impressionante panóplia de sentimentos tão diversos, que formam uma massa homogénea, essa mesma massa homogéna característica que trespassa toda a postura inexorável de josé mourinho, desde que se tornou figura pública. há nesta imagem poder. força. e ambição. reparem bem. mas há também laivos bem traçados de "dever cumprido" e uma pose de um finalmente "descanso do guerreiro", merecidíssimo. mas esta imagem deixa transparecer igualmente que mourinho, como todo o guerreiro, não baixa a guarda sequer nestes momentos, pronto que está para toda e qualquer batalha. a qualquer momento. e se ao mesmo tempo parece que mourinho pôde deixar a máscara implacável e cínica de lado, como que a dizer-nos "eu não sou mau, é o papel que tenho para poder suceder no futebol", haja a noção que isso somos nós a entrar no jogo. para que quem não lhe reconheça competência técnica para ter ganho aquele estatuto, se deixe enlevar pelo sentimento e por aquela comiseração tão tipicamente portuguesa, de quem prefere que à frente do mérito esteja o pobrezinho, o sacrificado, ainda que nada tenha feito por isso. e se mais não houvesse isto bastaria, mas o troféu arrebatador e imponente ao lado de mourinho ainda compõe mais e melhor esta imagem inesquecível, pelo momento, mas principalmente pela energia que emana. é impossível não se ficar totalmente absorto com esta fotografia.

zinme


às vezes sonho com um mundo melhor. outras vezes construo-o.

i guess you're right


saying videogames cause violence, is like saying pac-man causes eating disorders.

as mulheres *redux


(escrito originalmente às dezasseis horas e quinze minutos, de um domingo dia vinte e oito de agosto do ano de dois mil e cinco)

elas conhecem-nos pelo olhar. nós ficamo-nos pelas aparências, mais ou menos cientes de que nos será impossível conhecê-la e, mais que isso, sabê-la (o que só acontece a partir do dia em que ela nos ame acima de tudo, e nós a amemos e deixemos de amar, sem que tenhamos a coragem de lho dizer. atinge-se então o nirvana que nos permite ser analíticos). os poucos de nós que arriscam tentar conhecê-las pelo olhar, acabam invariavelmente por deprimir ou enlouquecer, e algumas vezes perpetuam esse olhar e o momento em versos (já dizia garcia lorca, "olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais", mas nem mesmo ele era capaz de descodificar uma mulher dessa maneira).

what are the odds?


cinco japoneses bêbados e um português bêbado a foderem-me a vida num mero café isolado da baixa de coimbra. japão morre.

quem és tu...


...pessoa que nos visita de inglaterra?

coisas que ontem como hoje fazem todo o sentido


em 2005:

título: por favor
corpo do texto: alguém espanque o ronald koeman

resposta pronta de ccity:
se ele me aparecer à frente eu espanco. mas espanco com muita força!

bate-mal privado


jamiroo escreve:

título - mantumi

corpo do texto - sabes quando a tristeza te atinge, se à noite ouves a Lhasa de Sela a cantar e só pensas "cala-te. sabes lá o que é isso".


ccity escreve:

título - mantumi 2020

corpo do texto - olha por acaso até sei! sei que quando as baleias assassinas se metem à tua frente só te apetece é ir buscar o arpão àquele teu baú que está lá no sotão e enfiar-lho pela nádega acima. Mas isso só acontece se tu antes não ouvires um pouco de "waiting on an angel".

AS BALEIAS ANDAM AÍ, CUIDADO PARA NÃO LEVAREM COM UMA EM CIMA!

solstício


não quero mais uma cara que personifique

as minhas vontades os meus desejos e as minhas concretizações


prefiro deixar para mim
as minhas fracas aptidões.

hm *redux


(escrito originalmente às dezoito horas e cinquenta e um minutos, de uma sexta feira dia dezasseis de agosto do ano de dois mil e cinco)

os melhores momentos dos meus dias são aqueles em que estou sozinho com os meus pensamentos. em que deambulo pelos meus sonhos. em que se perde a maldade, em que não há bárbaras, ritas, marias ou fernandos a mostrar-me como o mundo pode ser feio, porco e mau. por incrível que pareça, nesses pensamentos sou mais feliz quando me instalo em memórias de noites escuras, de sofrimento espelhado em lágrimas. são tão melhores que estes dias aos quais volto todas as manhãs, onde o sol bate na cara e seca e protege o que devia cair. onde o dia corre e, definitivamente, aos meus ossos não volta o que se sente aos 15 anos (mas eles lembram-se tão bem. e anseiam).





(adenda: nessas noites os meus sentimentos e as minhas emoções, melhores ou piores, eram desgarradas e intensas e coloridas e como eu sempre as desejei. lembro-me quase tão bem, como do resto. mas anseio ainda mais)

receita de moelas




falar de nós devia ser mais fácil e conhecer pessoas devia ser simples.

kitsch...




...nette

nothing ever happens here


estaria a dizer toda a improvável verdade se vos contasse que acabei de passar por um velho na rua que gritou:

"chulééé...CHULÉ!!!! pianista!"

coisas que ninguém sabe


uma vez disse a três pessoas que o meu tio era o manager das spice girls.

cúmulos


era tão voluptuosa que o próprio excremento era objecto de luxúria.

a segunda é óbvio que é o desenhar em guardanapos *redux


(escrito originalmente às dez horas e cinquenta minutos, de uma quarta-feira dia vinte e quatro de agosto do ano de dois mil e cinco)

hoje (e é tão cedo...) aconteceram duas coisas extraordinárias que já não me aconteciam há tanto e demasiado tempo. primeiro apareceu, do meio do nada que é o monte de despojos em cima da minha secretária, uma caneta. uma bic. bic bic, bic cristal, bic laranja... bic cristal! já não tinha uma bic cristal na mão desde que rasguei a noite a pinceladas cheias e palavras redondas (agora alheias). e isso actualmente parece ter sido muito antes de eu... ser eu. adiante. a bic cristal podia ter um propósito sério e responsável: escrever sítios de reuniões e contactos de telefones fixos e telemóveis e telex's e faxes e mails e... chega! felizmente quando pegamos numa caneta, e esta é uma bic cristal, não pegamos realmente na caneta, é antes a caneta que pega em nós. não me canso de o dizer: ainda bem que assim o é. e se os primeiros nomes apareceram, e se os primeiros 91's e 96's lograram aparecer, depressa rasguei o papel em que surgiam e peguei num guardanapo (o meu material favorito para escrever) e desenhei, deixei que se desenhasse, deixei desenhar-me, fui desenhado! eram caras e expressões! eram olhos! eram rabiscos! eram corações! eram texturas! eram riscos e eram rabiscos e eram olhos outra vez e era o que eu quisesse que fosse e o que a caneta deixasse! ...ah se não fosse a bic cristal a pôr-me a vida em perspectiva.

já cá venho espairecer




epa,

até ele pedrito, até ele.

«uma» transcrição «do nosso país bem engraçada»




- é a selecção, é o nosso país, é por-tu-gal-por-amor-de-deus, são os nossos, somos nós, sou eu e sou tu (ainda que não queiras), o deco é irmão o sabrosa é camarada o coentrão é o cerne da questão, o cerne da questão da doutrinal sebenta!

- e eu estimo bem que esta selecção se foda. odeio-os a todos, de morte. não odeio o eduardo mas devia lá estar o quim, miguel odeio-o de morte (pelo menos (desde a sua envolvência no caso casa pia), o ricardo carvalho não odeio, o bruno alves odeio-o de morte, o rolando odeio-o de morte, o fábio coentrão adoro-o, o raul meireles odeio-o de morte, o deco odeio-o de morte, o cristiano ronaldo odeio-o de morte, o danny odeio-o de morte, o liedson odeio-o de morte, o hugo almeida odeio-o de morte. o ricardo costa é-me indiferente.

(o carro pára. é preciso levantar o capot do carro e abrir o reservatório da água: a ferver e cheio de ferrugem. sua excelência pega no primeiro pano mal-tratado do chão do carro: era a bandeira portuguesa)

- então mas... e a selecção e o catano?! e usas para isso um símbolo tão importante?

- o quê?

ah, isto?

saíu no correio da manhã.

não me lembrem coisas tristes nem cultivem o ódio no meu coração *redux


(escrito originalmente às seis horas e trinta minutos, de uma sexta feira dia dezanove de agosto do ano de dois mil e cinco)

é da janela do meu quarto que vos conto o mundo como eu o vejo. quem me dera que pudessem perceber o que se vê daqui, quem me dera que os meus fossem os vossos olhos, quem me dera que me compreendessem nas alturas em que não posso ou é impossível explicar a mágoa profunda e a alegria incontinente (aqui queria escrever "inconstante", como se de "conter" pudesse ser, mas não). quem me dera. é que neste momento, lá fora, está um precioso nevoeiro sebastianista a esconder o processo de amanhecer da cidade. são escassas as luzinhas que se vêem e parcas as sombras e silhuetas das poucas árvores que nos restam (tudo muito poucochinho nesta frase, principalmente o português). o orvalho lá fora humedece os carros e os passeios, os caixotes do lixo e os candeeiros, os portões e as portadas, as janelas e o sangue na calçada (um subtil e coerente toque de vermelho no acinzentado da paisagem). parece inverno lá fora, e cá dentro, no meu coração.

so you want to be a writer?


if it doesn't come bursting out of you
in spite of everything,
don't do it.
unless it comes unasked out of your
heart and your mind and your mouth
and your gut,
don't do it.
if you have to sit for hours
staring at your computer screen
or hunched over your
typewriter
searching for words,
don't do it.
if you're doing it for money or
fame,
don't do it.
if you're doing it because you want
women in your bed,
don't do it.
if you have to sit there and
rewrite it again and again,
don't do it.
if it's hard work just thinking about doing it,
don't do it.
if you're trying to write like somebody
else,
forget about it.

if you have to wait for it to roar out of
you,
then wait patiently.
if it never does roar out of you,
do something else.

if you first have to read it to your wife
or your girlfriend or your boyfriend
or your parents or to anybody at all,
you're not ready.

don't be like so many writers,
don't be like so many thousands of
people who call themselves writers,
don't be dull and boring and
pretentious, don't be consumed with self-
love.
the libraries of the world have
yawned themselves to
sleep
over your kind.
don't add to that.
don't do it.
unless it comes out of
your soul like a rocket,
unless being still would
drive you to madness or
suicide or murder,
don't do it.
unless the sun inside you is
burning your gut,
don't do it.

when it is truly time,
and if you have been chosen,
it will do it by
itself and it will keep on doing it
until you die or it dies in you.

there is no other way.

and there never was.


Charles Bukowski, Sifting through the madness for the Word, the line, the way

sequências *redux


(escrito originalmente às quatro horas e vinte e cinco minutos da manhã, de uma quinte feira dia dezoito de agosto do ano de dois mil e cinco)

começa por sentar-me aqui, irado, com o intuito de escrever um texto sério e uma reflexão profunda. segue por uma inalação profunda, do vento frio que vem da esquerda. esse vento chama-me lá fora. não podendo ir todo, deixo o corpo cá dentro e esgueiro-me sorrateiramente para o telhado, deixando-me sobrevoar estas casas e estas pessoas (a maior parte delas adormecidas), enquanto me explano sobre esses assuntos mesquinhos dos quais agora percebo tanto e tão pouco ao mesmo tempo. aproveito e vou olhando para os meus lugares do dia, na preguiçosa e impaciente espera de uma associação lugar-pensamento do género estímulo-resposta, que enriqueça a minha tese e as minhas denúncias. ao fim e ao cabo, a catarse após tanta luta.

mas um coaxo aqui, e uma pedra diferente de todas as outras ali; um casal de mãos dadas a horas proibitivas, e duas guitarras (que já não tocam) no fortim em frente à igreja; e os sonhos e os sonhos; e não há nada melhor do que esquecer e adiar o mundano, para que mais uma noite, esta noite, o que realmente importe seja adormecer ao teu lado, encaixados, sumidos de tudo o resto. é tão mais fácil percebermos o mundo como ele devia ser, quando o realmente é.

do amoroso esquecimento


Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Mario Quintana

rendezvous : potrero hill *redux


(escrito originalmente às três horas e dezoito minutos da matina, de um domingo dia catorze de agosto do ano de dois mil e cinco)



muitas vezes perco-me por coimbra. não é que coimbra seja especialmente grande; mas a minha abstracção vence-me todos os dias e por tantas vezes. vejam os meus cadernos: começam, invariavelmente, com uma folha limpinha de apontamentos do lente, para cedo se acostumarem à miríade de desenhos, rabiscos e ideias soltas que brotam da minha inconstante pessoa. ou os meus amores: quando dou por mim, são escritos à mão e na minha cabeça. não é raro, portanto, que me deixe vencer, e com muito gosto me rendo. mas também nisto sou caprichoso, pois há o abstrair e o abstrair, há o perder e o perder-se. eu gosto de me perder no inverno. o ar frio corta o ambiente em traços rectilíneos que a tinta da china desenham uma personagem nova em mim, e um cenário diferente onde me môvo. depois as fachadas transformam-se nas grandes fachadas de helsínquia, românticas e nórdicas, frias ao primeiro olhar e quentes no seu abraço melancólico e literariamente gélido, com o mar de um lado e o mercado do outro. pintam-se nesse instante da côr que eu as via à noite: um azul arroxeado, igual ao do entardecer. vou pelas ruas e o meu pensamento perde as regras, a ética e a moral, e faz o que bem lhe apetece. algumas vezes passeia-se pelas vivências do dia e da minha própria existência, numa perspectiva totalizante de mim próprio, mas sem a mínima intenção de tocar o real. e aí sorrio, com a certeza de que filme mais burlesco que o meu, não há.

randomness(( #1 (director's cut)


randomness(( #1


viva o «choque tecnológico» (TM)! *redux


(escrito originalmente às vinte e duas horas e cinquenta e sete minutos, de um sábado dia treze de agosto do ano de dois mil e cinco)

"bem-vindos ao século XXI", ouve-se a hospedeira vomitar. vomita, coitada, é vítima de um «choque tecnológico» (TM) que lhe causou uma grande hemorragia cerebral, semelhante (vista da lua) à onda vermelha que percorre o país (não é o benfica estúpido, é o fogo). mas este choque tecnológico é maravilhoso: quando eu era criança, desejava que tudo o que eu sonhasse ou quisesse, bastava ser dito para se materializar. "ai queria tanto um gelado", e toma lá gelado. "ai queria tanto a paz no mundo", e toma lá flores e harmonia e hippies aos quilos. mais tarde, na minha adolescência, desejei uma varinha mágica que pudesse tocar em fotos ou imagens e materializar a angelina jolie ou a cate blanchett e o resto e tal vocês sabem. se não sabem, deviam saber. no entanto, tudo isto foram delírios e rascunhos do que realmente pode acontecer. e aconteceu, com o «choque tecnológico» (TM). agora temos "pessoas" que dizem na televisão "ai e tal e isto que está a acontecer desde janeiro não é, de todo, um desastre ecológico" e que realmente acreditam que por dizerem esta frase jocosa tornam isso realidade. eu acho que "pessoas" em cargos de elevada responsabilidade deveriam ser muito responsáveis e pragmáticas. por isso penso que estas "pessoas" quando dizem isto não estão a gozar com milhões de portugueses nem tão-pouco com a Humanidade em geral, portanto provavelmente é algo que vai acontecer com o «choque tecnológico» (TM), a novíssima tecnologia "digo e está feito". se não, como explicar que se diga igualmente "ai as plantas regeneram-se facilmente, não há desastre ecológico nenhum!"? caramba, por momentos pensei que os animais não fizessem parte dos ecossistemas e que estes não se desequilibrassem com os incêndios! mas de certeza que o "digo está feito" não é uma treta. de certeza. não pode.

(e para quando a minha varinha mágica, hum?)

13 *redux


(escrito originalmente às cinco horas e dezasseis minutos da matina, de um sábado dia treze de agosto do ano de dois mil e cinco)

a putridão exangue do bicho homem, deixa-o pálido enquanto se arrasta. destrói tudo o que toca, pois ninguém deve ter o que ele almeja, o que a nossa ambição de porcos triunfantes nos promete. simples coisas como o dar e o receber, fundem-se com o dinheiro (cash) e pimbas! morte a tudo o que viva!

e assim conclúo: algo cheira mal no reino dos déspotas! é que este desejo de guerra, só não nos corrói porque nos compõe! não fosse isso e veríamos bocados de nós pela praça pública, caindo sem darmos conta, enquanto corríamos em busca de lugar melhor (leia-se: onde possamos matar mais).

matar e morrer não é o contrário de fazer viver e estar vivo. quem é que disse aquilo?! arde aqui e arde ali mas esperem! são cinco milhões de contos por ano! e as pessoas, que é delas? são adubo! são estrume! vou regalar-me na bosta e tomar banhos na banha da cobra e vou sentir-me bem! ...não te rias nem faças de conta que não percebes: estamos todos nisto.

mas há esperança! pois a vida é feita de pequenas pessoas que fazem pequenas coisas que mudam em muito o mundo! não desistas! e vem viver na utopia! não lava mil e quinhentos pratos com uma só gota, nem faz crescer o teu pénis em altura e largura, mas é de Homem, Homem com H grande, enorme, maíusculo, daqueles de que @s poet@s são feit@s e também as pessoas que todos os dias ainda guardam um segundo para cheirar a velha sardinheira, dois para sorrir, e todo o resto do tempo a mudar o mundo.

a flor máis grande do mundo


entretém a mente, que o corpo está cansado





















..e já agora, sonha..

carmim *redux


(escrito originalmente às vinte horas e quarenta e quatro minutos, de uma quarta feira dia onze de agosto do ano de dois mil e cinco)

parece que a noite ultimamente chega mais forte e eu não estou preparado para isso. cedo à vertigem da saudade e espero que o dia retorne. enquanto isso, delicio-me com o rojo do sangue dos meus pulsos, e despeço-me assim com o desejo de que sejam felizes (pelo, menos enquanto tocar o senhor de barbas).

The Network (1976)


"I don't have to tell you things are bad. Everybody knows things are bad. It's a depression. Everybody's out of work or scared of losing their job. The dollar buys a nickel's work, banks are going bust, shopkeepers keep a gun under the counter. Punks are running wild in the street and there's nobody anywhere who seems to know what to do, and there's no end to it. We know the air is unfit to breathe and our food is unfit to eat, and we sit watching our TV's while some local newscaster tells us that today we had fifteen homicides and sixty-three violent crimes, as if that's the way it's supposed to be. We know things are bad - worse than bad. They're crazy. It's like everything everywhere is going crazy, so we don't go out anymore. We sit in the house, and slowly the world we are living in is getting smaller, and all we say is, 'Please, at least leave us alone in our living rooms. Let me have my toaster and my TV and my steel-belted radials and I won't say anything. Just leave us alone.' Well, I'm not gonna leave you alone. I want you to get mad! I don't want you to protest. I don't want you to riot - I don't want you to write to your congressman because I wouldn't know what to tell you to write. I don't know what to do about the depression and the inflation and the Russians and the crime in the street. All I know is that first you've got to get mad.
You've got to say, 'I'm a HUMAN BEING, Goddamnit! My life has VALUE!' So I want you to get up now. I want all of you to get up out of your chairs. I want you to get up right now and go to the window. Open it, and stick your head out, and yell,

'I'M AS MAD AS HELL, AND I'M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!"

suave


boy meets girl meets boy meets television meets redemption *redux


(escrito originalmente às vinte e três horas exactas, de uma quarta feira dia dez de agosto do ano de dois mil e cinco)

eu hoje não vi televisão

só namorei muito muito
sentado em bancos de jardim
como se fosse a primeira vez

bem melhor que ver televisão

playlist da noite de 17-06-2010


amor de zumbi


ele *redux


(escrito originalmente ao meio dia e cinquenta e sete minutos, de uma terça feira dia nove de agosto do ano de dois mil e cinco)

um dia ele começou a escrever. escrevia sem regras e sem estilo porque nunca tinha lido, e era essa franqueza pura das palavras que lhe dava a graça que tinha. parecia tudo de propósito, mas não era: fluía, apenas. as pessoas que ele admirava liam-no e isso assustava-o porque sabia que um dia, um dia, um dia essas pessoas iriam entristecer-se e desiludir-se. com ele, e com elas próprias por não o terem desprezado mais cedo. mas ele não tinha culpa, no entanto. regendo-se pela velha máxima "se tu me lesses, eu escreveria bem melhor", sentiu-se sozinho na sua escrita e ficou esquizofrénico, enclausurado numa pequena sala onde todas as letras saíam aos berros, à procura de se notarem. nada a fazer. e essa franqueza pura tinha dado lugar a uma perfeita demência (sem estatuto) e ele perdeu-se por Coimbra na tentativa (e viva o cliché) de se encontrar... mas quando voltava a escrever, certo era que a cadeira, o quarto ou o café se transformavam, instantaneamente, na pequena sala almofadada do asilo de Arkham. hoje bebe vinho estragado. e sente-se bem melhor assim.

excellent adventure


Bill: Ted. While I agree that, in time, our band will be most triumphant, the truth is Wyld Stallyns will never be a super band until we have Eddie Van Halen on guitar.

Ted: Yes, Bill. But... I do not believe we will get Eddie Van Halen until we have a triumphant video.

Bill: Ted, it's pointless to have a triumphant video before we even have decent instruments.

Ted: Well, how can we have decent instruments when we don't really even know how to play?

Bill: That is why we NEED Eddie Van Halen.

Ted: And, THAT is why we need a triumphant video.

Bill & Ted: EXCELLENT.

zainy town




no doce pergaminho
da tua pele

traço com as unhas
o mapa inacessível
do meu desejo

el mariachi, bem vindo


para onde é que o pollock ia pescar de vez em quando?...
...POLLOCKNESS!

gaaaaatito




atum bisnaga & sardinha niska

atascaladovilvinhoestragadoqueremosfrescuradissestequenaovinhas.blogspot.com


e de novo me reinvento, avisei que não vinha mas as minha vontades são voláteis. aqui estou para escrever qualquer coisa de muito (pouco) profundo com um tempero à el mariachi como "pareces uma gaja, estás carente de muitas letras num sms". o meu mote é seco e arrebatado. estudasses!

harness your hopes

n.

igreja - foi o pai que me ensinou


"na criação da primeira mulher houve uma falha, pois foi feita de uma costela curva. curvada na direcção contrária à do homem. portanto, é um animal imperfeito. é a mais fraca de mente e de corpo e, por natureza, mais impressionável. tem memória fraca, não é disciplinada, perdendo a todo o momento o sentido do dever. por seus distúrbios passionais e afectivos é vingativa e propensa a renegar a fé. não é de se estranhar que este sexo tenha dado tantas bruxas"



jakob sprenger, dominicano alemão do período da Inquisição,
especialista em bruxas do séc. XV

para mim *redux


(escrito originalmente às vinte e uma horas e quinze minutos, de um domingo dia vinte e quatro de julho do ano de dois mil e cinco)

quero, sinceramente,
voltar àquele Verão (do meu contentamento)

assim, sem métrica e sem noção,
de que podem passar uma duas três QUATRO MIL rosas
seguidas enquanto olho pela janela do carro e do combóio
e de repente nunca mais as ver

ou de que se aquilo está ali
é por um propósito
seja cão menina folheto ou monção

tudo o é por causa de motivos mesquinhos
e sempre sempre à espreita de nos apunhalar
ou agarrar para si

(são todos muito espertos)

quem me dera voltar àquele Verão
(do meu contentamento)
em que as cordas de "too young to die"
faziam o meu coração chorar
mas ter a certeza que mais um ano ou dois
eu ia poder viver nessas cordas
e amar assim
chorar assim
num conto de fadas só meu.

tu serias apenas o veículo necessário para tal
porque o conto de fadas seria SÓ meu.

e seria assim o amor.
para mim.

verdade verdadinha *redux


(escrito originalmente às sete e quarenta e quatro da manhã, de uma sexta feira dia vinte e dois de julho do ano de dois mil e cinco)

quando chego a casa, seja às três da tarde ou às três da manhã, cumpro sempre o mesmo ritual. abro a bola.pt, o record.pt, o jogo.pt, vejo o mal.blog, as brigadas.blog, agora também o daily make up.blog, o avatares.blog, o abandonia.com e repito até à exaustão. faço isto por muitas razões. mas hoje só digo uma: porque não consigo adormecer sem um sorriso no rosto (ou pelo menos com estas ideias que trago comigo, invariavelmente, quando entro em casa). é então bem mais fácil ver que, dia após dia, a bola.pt está lá, o record.pt está lá, o jogo.pt está lá, o mal.blog está lá, as brigadas.blog estão lá, o daily make up (agora também) está lá, o avatares.blog está lá, o abandonia.com está lá, ao contrário de tudo o resto. e saber que algo está lá, sempre, é a segurança que preciso para me repetir, uma e outra vez, até que o cansaço vença e a ilusão de que há algo seguro prevaleça e assim deito-me

e durmo.

summer is coming


do alentejo


beam me up, God *redux


(escrito originalmente às dezanove e cinquenta e três, de uma quarta feira dia vinte de julho do ano de dois mil e cinco)

morreu james doohan, o capitão montgomery "scotty" scott dos filmes da saga star trek. isto no mesmo dia em que morreu um homem de quarenta anos em seattle, vítima de rompimento do cólon e alguns órgãos vitais na sequência da relação sexual que estava a ter com um cavalo.

fim de tarde *redux


(escrito originalmente às vinte e duas horas e quartenta e dois minutos, de uma quarta feira dia dez de agosto do ano de dois mil e cinco)

nem só de música vivem os campos do alentejo nesta altura. quando o que te leva ao engano são as vacas (e não o são sempre? versões ruralizadas das sereias, tágides do guadiana. mais metafóricas menos metafóricas), encontras em ti palavras que desconhecias e no outro um companheiro para a vida. sentes que naqueles campos vazios houve estórias, que naquelas casas abandonadas festas e mortes, que o horizonte está negro dos teus olhos, e não do que é. tiras os óculos e olhas em volta: aquilo é o nada e faz duas horas que desaparecemos. quase. quase. perdêssemos nós a noção um do outro, e o mais fantástico deste mundo aconteceria: seríamos parte do nada, para sempre, uma mancha de aguarela naquele quadro mal pintado que ninguém vê.

fim de tarde




senta-se no parapeito, expande-se até ao infinito. da vasta cidade que o constrange, só lhe resta a fachada, e dali de cima é-lhe imune (ainda bem que assim o é). à primeira gota de chuva não se apressa a tirar o pêssego do bolso, que as coisas sejam como tiverem de ser, porque a esta hora não se tenta moldar o mundo à nossa volta, dos nossos mundanos desígnios. trinca-o com gosto, mastiga de boca bem aberta, deixa que os sons se misturem. a chuva que cai no chão, o barulho que faz nas telhas, o silêncio da cidade adormecida; e também o dilacerar da polpa, o quase imperceptível descer da gota de sumo, e o suspiro que veio e foi com o pássaro que nasceu onde a árvore acaba. inspira a brisa fresca e mantém-se, neste momento de perfeita harmonia egocêntrica, durante três segundos: o tempo suficiente para ser feliz.

a minha guitarra *redux


(escrito originalmente às cinco horas e vinte e sete minutos da manhãzinha, de um sábado dia vinte e oito de fevereiro do ano de dois mil e quatro)

A minha guitarra é a minha melhor amiga. A minha guitarra está sempre (ou quase sempre) onde eu preciso, quando eu preciso. Se eu choro, ela chora comigo. Se eu sorrio, ela sorri comigo. Não é falsa, não é hipócrita, não é cínica, não mente. Não se deixa tocar melhor do que eu mereço, não faz de conta que toco melhor do que realmente toco. Quando preciso de treinar mais, ela faz-me ver isso. Quando a deixo de lado durante muito tempo, ela ressente-se; e quando volto a ela, por muito bem que a trate, por muito boa vontade que tenha, só se deixa tocar bem outra vez, depois de muito trabalho e de muito esforço que eu lá deixe. Até ela se sentir apreciada, até ela se deixar tocar. A minha guitarra é confidente. Não conta nada a ninguém. Não me engana e não se deixa enganar. A minha guitarra ouve-me, e é com muito prazer que eu a oiço. Às vezes a minha guitarra é o meu único ponto de abrigo. A minha guitarra é justa. A minha guitarra é honesta. Quanto mais lhe dou, mais ela gosta, e mais ela me dá a mim. Mas não lhe posso dar tudo de uma vez (nem que o quisesse, mesmo que o pudesse). E a minha guitarra faz-me ver isso. A minha guitarra ensinou-me isso. A minha guitarra encerra-me nela, sem me prender. A minha guitarra guarda o meu amor, e o meu amor por ti, e o meu amor por vocês. A minha guitarra não é esta, mas poderia ser. Confio na minha guitarra. Não confio em mais ninguém. Mãos no fogo por alguém? Nunca mais! Se queimadas, a minha guitarra ressente-se, e nunca mais se deixará tocar como dantes, para que eu nunca me esqueça do que ela me ensinou, e que se deixei queimar as mãos no fogo por alguém, não foi por falta de aviso. "Eu sei que me ia arrepender". (a minha guitarra avisou-me)

hora da playlist


ora para hoje temos uma playlist com 5 músicas muito alternativas

  • 1 - alheira e grelos salteados, dos Oleo Fula
  • 2 - sorbet de champanhe, dos C Bruto
  • 3 - arroz de pato, dos Ducknintheoven
  • 4 - pataniscas de bacalhau, dos Desfiados
  • 5 - bolo de bolacha, dos Maria

estas duas últimas músicas para quem não sabe estão agora no top+ das músicas.

nota


NICK DRAKE, este nome será banido. nunca o ouvirei.

se alguém o pronunciar, ouvirei em vez disso, "olá Deus".

«uma descrição do nosso país bem engraçada..» *redux


(escrito originalmente às vinte e uma horas e quatro minutos, de uma segunda feira dia dezoito de julho do ano de dois mil e cinco)

acidente na A11. um grupo de pessoas aguarda em cima de um morro, enquanto dividem os olhares entre os carros deliciosamente encaixados uns nos outros e as câmaras de filmar que se aproximam. De repente, josé olha para o fundo da estrada e vê uma ambulância e um carro do INEM a chegar, a alta velocidade. "palhaços, a esta velocidade ainda matam alguém! deviam ter vergonha!". nem dois segundos depois desta observação vira-se o cunhado de josé que lhe diz "zé, é a tua prima que estava no carro. passei lá agora e vi a matrícula".

josé virou-se então para o horizonte e grita "palhaços! tão devagar conduzem que nunca mais chegam! deviam ter vergonha!"

take (me) away


não voltámos a ser um blog multimédia...


...mas isto deve ser das coisas mais incríveis que eu já vi.

é *redux


(escrito originalmente às quatro e trinta e nove da manhã, de uma segunda feira dia onze de julho do ano de dois mil e cinco)

porque é que não pode ficar uma música à espera de ser recebida? porque tendemos a incutir ao material aquilo que nos impõem? TIRANOS! (nós, que repercutimos essa tirania, claro) a cidade dorme lá fora e há cigarros a serem queimados, enquanto este inebriante e delicioso cheiro irrompe pela janela, e é tão fatalmente atraente que arrepia, como quem vê às escondidas a sua morte várias vezes repetida em cada situação da sua vida

(vou operacionalizar isto, para que percebam: está a comer ali, imagina a sua morte ali, engasgado e a manobra de Heimlich ninguém a sabe fazer caramba!, fala consigo até. está no cinema acolá, imagina-se com um ataque súbito, cai para o lado, pisca o olho a si mesmo porque não era na cadeira onde estava sentado que ia morrer porque a vontade ainda não é total. está na casa d@ namorad@ - sempre quis usar isto - e enquanto fode ou é fodid@ - ui três vezes na mesma frase - imagina-se mort@ em cima do corpo d@ companheir@ - agora perdi-lhes a conta)

(o que acontece muitas vezes a estas pessoas é que passam a imaginar os outros mortos, em vez de si mesmos, é a solidão é a solidão)

então pronto fica a música à espera. e eu mantenho aqui a convicção de deixar de ser menos tiraninho um dia de cada vez NÃO POSSO NÃO QUERO é que somos todos, ainda que sem o saber por completo, aquilo contra o qual lutamos todos os dias.

all your brains r belong to us


cortadores de relva.


Jardineiros,

ide por essas cidades fora tornando a natureza ainda mais perfeita, aprimorando todos os jardins de ricos, mas tentai não usar cortadores automáticos.

Fazei uso das vossas mãos, pegai nos arcaicos instrumentos e ponde mãos à obra. Os jardins são vossos, fazei deles o que quereis. mas não useis instrumentos demoníacos.

Pensai que o ruído de tais instrumentos se assemelha a moto-serras. Tende em conta o que esse barulho significa para um jovem fechado em casa.

Vós sabeis.

Sabeis que para além da tão badalada crise, esse ruído só significa outra crise: ZOMBIES! MILHARES DE ZOMBIES A SEREM CORTADOS AOS BOCADOS PARA GARANTIR A SOBREVIVÊNCIA. E UM JOVEM EM CASA AMEDRONTADO E PREPARADO PARA IR À LUTA.

Por isso jardineiros, por bom senso, parai com os cortadores e voltai ao trabalho manual.


trabalho e revolução


revolução e trabalho (as palavras não são minhas)


recolher obrigatório (inverso)
























"já estivemos mais longe de os mandar ir foder. mas nem o caminho está livre de atalhos-armadilhas, nem tão pouco é fácil de atravessar. mas a humanidade conta connosco: não deixes de lhe responder, por favor!"

jebus don't want me for a sunbeam




a história da minha vida em pequenos passos contados *redux


(escrito originalmente às quatro horas e vinte oito minutos da madrugada, de uma segunda feira dia onze de julho do ano de dois mil e cinco)

surpreende quem não esteja preparado

(foi o que me aconteceu a vida inteira)

pelos vistos tenho que ter estatuto para escrever isto

(oops esqueci-me dos parêntesis ali em cima - não volta a acontecer)

sobre a música, sobre o vinte cinco de abril




o confronto ideológico teve um papel determinante na luta contra a ditadura fascista em portugal.

este travou-se em várias frentes, nomeadamente no plano da música. por um lado, tínhamos a concepção da música como ferramenta essencial para a elevação da consciência de classe, como elemento aglutinador e de reivindicação das massas; por outro, tendo o regime a noção do potencial transformador e da capacidade de pôr as pessoas a “pensar”, a tentativa da elitização do acesso e fruição da música, ou a limitação de correntes artísticas, também associada à promoção massiva, pela rádio e espectáculos e mesmo no ensino, da música ligeira e das “baladas”.

esta prática era comum a outras ditaduras da altura: hitler, em mil novecentos e quarenta e dois, propunha a instalação de altifalantes em cada aldeia ocupada para que difundisse «música e mais música ligeira! forneçamos àquela gente a ocasião de dançar muito e ela ficar-nos-á reconhecida», o que impediria «cérebros iluminados que chegassem a conceber ideias políticas».

apesar do obscurantismo que salazar e seus esbirros votavam o país, por toda a sociedade o movimento musical foi resistindo. camponeses e operários continuavam a cantar a música tradicional portuguesa, representativa das potencialidades criadoras do povo, intrinsecamente ligada às condições miseráveis que viviam e à luta por um futuro melhor; para desvirtuar essa identidade, a ditadura criou a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, que difundia a sua propaganda e desprovia de qualquer sentido político a nossa cultura musical, encarando-a como algo “pitoresco” cuja única “função social” era divertir a burguesia, algo a que o Movimento Associativo Português sempre fez frente.

no plano dos compositores portugueses, vários intelectuais solidarizaram-se activamente com a luta do povo, nunca depondo as armas da luta ideológica, mau grado a censura, as perseguições, a repressão ou o exílio. destes, é justíssimo referir Fernando Lopes-Graça, valoroso militante comunista que ao longo de toda a sua vida divulgou o folclore português (autêntico), através de uma linguagem musical moderna que além de não perder a identidade original, saíu para a rua, para junto das classes trabalhadoras que eram privadas do consumo da música. muitos foram os contributos de Lopes-Graça para a democratização da cultura e da crescente organização dos intelectuais progressistas em iniciativas de firme combate ideológico ao Fascismo.

a partir da década de sessenta registou-se também em portugal um novo fôlego da música popular portuguesa, que ganhou expressão com cantores e compositores de intervenção como Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso, Luís Cília, Manuel Freire, entre muitos outros. estes conseguiram uma fusão quase perfeita entre a riqueza técnica das músicas com a riqueza política das suas mensagens, criando verdadeiros hinos à liberdade e à militância, contra a ditadura fascista e pelo socialismo. “canções heróicas” entoadas em cada comício, reunião ou distribuição clandestina, que enchiam de confiança e de esperança os portugueses na luta por um portugal diferente.

também nesta altura se iniciou um fenómeno cuja história ainda hoje permanece quase desconhecida. surgiram uma série de bandas de rock português, umas mais politizadas (como os “petrus castrus”, que utilizaram poemas de Ary dos Santos nas suas músicas, ou os “steamers” que sobre o amplificador usavam um pano vermelho com a frase de fidel castro, “Liberdade ou Morte”) outras menos, mas que mesmo indirectamente contribuíram e foram reflexo das alterações que portugal enfrentava.

o movimento musical antes do vinte cinco de abril resistiu contra a tentativa de embrutecimento do povo e foi essencial para a galvanização e organização dos trabalhadores contra o fascismo. e foram duas músicas, “e depois do adeus” e “grândola, vila morena”, as senhas escolhidas para assinalar o avanço das forças organizadas pelo MFA no dia vinte cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro. Por isso, a música estará sempre associada ao início da democracia em portugal.

vais engolir essas palavras























homens imperfeitos: quando agora virem o filme, por favor reparem nos três segundos onde o adolescente mete a sua mão virgem por dentro da blusa; tentem lembrar-se da primeira vez que fizeram isso e o que sentiram. mulheres: expliquem-me como sentem o amor.

banda sonora do youth in revolt, completa e com booklet: cortesia do je.

um mol de grãos de areia equivale a seiscentos e dois sextilhões de grãos de areia




os homens imperfeitos perdem-se frequentemente no abismo do que hão-de ser; mas também no rascunho das suas próprias memórias. o que quero eu dizer com isto: entregam-se (de braços dados e olhos vendados) à angústia pela incerteza do futuro, e com isso esquecem o que viveram, o que passaram, o que construíram. e o que os construíu.

tenho para mim que os homens imperfeitos são mais vezes criados a partir dos pequenos momentos, desses grãos de areia que nos interpelaram a dada altura da vida. esses grãos de areia que perdemos na espuma dos dias, mas que são, sem dúvida, os mais deliciosos.

youth in revolt é um bom filme. mais um da vaga de filmes meio indie/meio hollywoodescos e que sim, tem o mesmo michael cera de sempre; que sim, tem a mesma banda sonora indie de sempre; e que sim, tem os mesmo cameos de todos os outros filmes.

MAS! retrata alguns desses grãos de areia que, até ontem, os homens imperfeitos esqueceram. o amor adolescente e a ansiedade do primeiro beijo de língua; a primeira mão por dentro da blusa (e a blusa sempre de seda, sempre de seda no tacto e no trato, mesmo que o têxtil real queira fugir do ideal); a certeza de que depois de tudo há sempre a hipótese de fugir e correr o mais possível para longe e, AINDA ASSIM, sobreviver e ser feliz. em paris ou em ti, meu amor.

não há outro filme que tenha filmado tão bem uma mão por dentro de uma blusa, ou o arrepio antes de deitar a dois num beliche. já tinha saudades de uma noite destas de inverno.


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resiste

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hoje vou escrever aqui posts.

ups!


disclaimer












por motivo de enfermidade, o podcast #6 só será publicado na próxima semana.

hey june













és a estrela da alvorada e a madrugada junto ao cais

és tudo o que eu vejo em ti, és a alegria e muito mais

és a minha maçã de junho, és o teu corpo e o meu
amo-te mais que à vida, que a vida sem ti morreu
amo-te mais que à vida, que a vida sem ti morreu

és a erva perfumada, debruada a girassóis
o trago do café quente nas manhãs entre lençóis

és a minha maçã de junho e a minha noite de verão
anda, vem comigo, vamos, dá-me a tua mão
anda, vem comigo, vamos, dá-me a tua mão

és o encontro na estrada, és a montanha e o pôr do sol
o vinho bebido em festa, és a papoila e o rouxinol

és a minha maçã de junho e a minha estrela polar
sem ti eu não tenho norte, sem ti eu não sei amar.
sem ti eu não tenho norte, sem ti eu não sei amar.
 
naturalmente

a tasca . a natureza do mal . little black spot . sofrível ridículo . e deus criou a mulher . the sartorialist . menina limão . mariana, a miserável . pescada número cinco . sombras errantes . espiral medula . theoria poiesis praxis . a causa foi modificada . corpo dormente . o piston é a cabeça do homem . cinema xunga . royale with cheese . cine clube viseu . atum bisnaga . sardinha niska . french kissin' . charutos cubanos . if charlie parker was a gunslinger, there'd be a whole lot of dead copycats . post secret . learn something every day . the perry bible fellowship

| fora de prazo. amo-te benfica