(escrito originalmente às vinte e duas horas e quartenta e dois minutos, de uma quarta feira dia dez de agosto do ano de dois mil e cinco)
nem só de música vivem os campos do alentejo nesta altura. quando o que te leva ao engano são as vacas (e não o são sempre? versões ruralizadas das sereias, tágides do guadiana. mais metafóricas menos metafóricas), encontras em ti palavras que desconhecias e no outro um companheiro para a vida. sentes que naqueles campos vazios houve estórias, que naquelas casas abandonadas festas e mortes, que o horizonte está negro dos teus olhos, e não do que é. tiras os óculos e olhas em volta: aquilo é o nada e faz duas horas que desaparecemos. quase. quase. perdêssemos nós a noção um do outro, e o mais fantástico deste mundo aconteceria: seríamos parte do nada, para sempre, uma mancha de aguarela naquele quadro mal pintado que ninguém vê.
2 comentários:
anonymous_person disse:
eu estive lá e foi assim.
e foi verdade! harness não esteve lá, mas jamiroo sim.
Enviar um comentário