(escrito originalmente às três horas e dezoito minutos da matina, de um domingo dia catorze de agosto do ano de dois mil e cinco)
muitas vezes perco-me por coimbra. não é que coimbra seja especialmente grande; mas a minha abstracção vence-me todos os dias e por tantas vezes. vejam os meus cadernos: começam, invariavelmente, com uma folha limpinha de apontamentos do lente, para cedo se acostumarem à miríade de desenhos, rabiscos e ideias soltas que brotam da minha inconstante pessoa. ou os meus amores: quando dou por mim, são escritos à mão e na minha cabeça. não é raro, portanto, que me deixe vencer, e com muito gosto me rendo. mas também nisto sou caprichoso, pois há o abstrair e o abstrair, há o perder e o perder-se. eu gosto de me perder no inverno. o ar frio corta o ambiente em traços rectilíneos que a tinta da china desenham uma personagem nova em mim, e um cenário diferente onde me môvo. depois as fachadas transformam-se nas grandes fachadas de helsínquia, românticas e nórdicas, frias ao primeiro olhar e quentes no seu abraço melancólico e literariamente gélido, com o mar de um lado e o mercado do outro. pintam-se nesse instante da côr que eu as via à noite: um azul arroxeado, igual ao do entardecer. vou pelas ruas e o meu pensamento perde as regras, a ética e a moral, e faz o que bem lhe apetece. algumas vezes passeia-se pelas vivências do dia e da minha própria existência, numa perspectiva totalizante de mim próprio, mas sem a mínima intenção de tocar o real. e aí sorrio, com a certeza de que filme mais burlesco que o meu, não há.
muitas vezes perco-me por coimbra. não é que coimbra seja especialmente grande; mas a minha abstracção vence-me todos os dias e por tantas vezes. vejam os meus cadernos: começam, invariavelmente, com uma folha limpinha de apontamentos do lente, para cedo se acostumarem à miríade de desenhos, rabiscos e ideias soltas que brotam da minha inconstante pessoa. ou os meus amores: quando dou por mim, são escritos à mão e na minha cabeça. não é raro, portanto, que me deixe vencer, e com muito gosto me rendo. mas também nisto sou caprichoso, pois há o abstrair e o abstrair, há o perder e o perder-se. eu gosto de me perder no inverno. o ar frio corta o ambiente em traços rectilíneos que a tinta da china desenham uma personagem nova em mim, e um cenário diferente onde me môvo. depois as fachadas transformam-se nas grandes fachadas de helsínquia, românticas e nórdicas, frias ao primeiro olhar e quentes no seu abraço melancólico e literariamente gélido, com o mar de um lado e o mercado do outro. pintam-se nesse instante da côr que eu as via à noite: um azul arroxeado, igual ao do entardecer. vou pelas ruas e o meu pensamento perde as regras, a ética e a moral, e faz o que bem lhe apetece. algumas vezes passeia-se pelas vivências do dia e da minha própria existência, numa perspectiva totalizante de mim próprio, mas sem a mínima intenção de tocar o real. e aí sorrio, com a certeza de que filme mais burlesco que o meu, não há.
1 comment
não te aborreças natura,
lembras-te? lembras-te disto? e do que sentias, lembras-te? eu não..
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